HA!

HA!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

True Story

Fui descobrir que sou bonita só por esses dias.
Tatuei uma pulseira de diamantes em minha homenagem.

domingo, 14 de novembro de 2010

Falta de Habilidade

O meu peito
está
comprimido.
E imagino que
seja assim mesmo
que alguém se sinta.
Alguém mais,
não eu.
Comprimida.
Você
desfeito
resmungando (pouco)
.

Eu não sei fazer poesia.
Nem ler poesia eu sei.


domingo, 8 de agosto de 2010

Dadá

A mulher usava meias curtas e coloridas e comia iogurte com uma colherzinha tão pequena que fazia o ato prolongar-se para sempre. Sentava-se numa cadeira grande e confortável, daquelas que giram e a fazia parecer menor do que já era. Todo esse rito (porque, permitam-me alegar, nada mais era do que um ritual mágico de hipnose) fazia com que qualquer um que passasse pela janela daquele cômodo tivesse noção de que entrava num transe profundo. Noção essa que passava com a mesma velocidade que vinha. Ela, então, continuava a falar; tinha pelo menos dois ouvintes-falantes à sua frente. Os demais eram curiosos; pobres insetos grudados à teia da de aranha (no momento disfarçada de peitoril de veneziana com direito a cortina florida).

_Tem cara de bela puta. E não vejo problemas nisso. Problema nenhum, aliás. É como uma aura, sabe, uma espécie de vocação que a pessoa tem. Ela é bonita, muito bonita. Mas não fica bem de modelo. Não sai bem nas fotos, parece achatada. Fotógrafo nenhum consegue fazê-la parecer mais comprida, a postura a denuncia. É uma puta, uma puta das boas, com olhar lânguido. Mas, coitada, é difícil ter que admitir isso, eu acho. E nem pra atriz serve, só de filme pornô e com muito custo. Porque também não é lá muito expressiva. Quando eu digo que tem vocação pra puta, é porque é isso mesmo. Mas acho que vocês não entendem.

terça-feira, 18 de maio de 2010

rasc

Escorregou por uns vinte metros de tubo cor de groselha. Chegou ao fundo batendo com força os pés no chão de espuma. Sentiu aquela dor característica de quem pula e cai de pé, como se o sangue todo ali se concentrasse e, de repente, levasse um empurrão fortíssimo para cima.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

'Como Destruir a Própria Vida' ou 'Durmam, Por Favor'

Hoje o sono chegou. Em sua melhor forma, de mansinho, na ponta dos pés. Foram os melhores vinte minutos da semana. Porque se ele veio no sofá desconfortável e feio da sala, durante o filme de terror que tem insetos gigantes, ele voltará à noite, na caminha confortável e bonita. E não haverão mais carneirinhos a fazer 'MÉÉRR', zombando da menina de olhos um tanto esbugalhados esperando o sol nascer para dormitar por duas horas frias. Não, não, essa noite eles pularão suas cercas e farão 'ZZZZZZZ' ao invés do barulho chato.
O telefone tocou e foi atendido com prazer, apesar da pessoa do outro lado da linha ter estranhado a rouquidão. "É porque eu dormia!"_ E era feliz, devia ter dito.
De repente o cenário muda; encontro-me fazendo uma força que não suporto para segurar algo realmente grande. E pesado. Daí que veio o grito: "SAI DAÍ!".
Saí. Caiu.
_MENINA, SAI DE PERTO QUE PODE EXPLODIR!

Saí mais uma vez. E tudo era desordem e estilhaços. Quebrei a televisão da sala. E não foi um sonho.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

De Volta

Me puseram um nariz. Eu me pus um nariz, pra ser sincera. No outro blog, era como se nada me restringisse, podia escrever qualquer coisa, como se respirasse sem nariz, não havia filtro. Aqui fico me contendo, me policiando, só porque não queria que este ficasse igual ao outro. Só que percebi que o que eu quero é o outro.
Dane-se, vou jogar o nariz fora. Digam 'adeus'.

Martha, My Dear

Hold your head up, you silly girl


Andando como quem não tem preocupações_e não as tinha mesmo_, parecia flutuar. Mas só parecia. Se soubesse, assobiaria. Se fosse louca, daria uns pulinhos. Fazia o melhor tempo do mundo: frio ensolarado. E seguia em frente, sem pressa, sem ter onde ir.
Não é estranho ter pessoas na rua às quatro da tarde de sexta-feira. Mas que havia alguém andando perto demais, havia. Ouviam-se sussurros, como se duas pessoas conversassem logo ali atrás.
Olhou. Como quem olha só por olhar, sem demais objetivos.
Uma pessoa só. Homem: alto, cabelo raspado, olhos muito claros e moletom por todo o corpo. Tentou disfarçar, virou o rosto pro lado da rua, mas cara mais suspeita impossível.
Ela teve um pouco de medo, ele tinha um ar diferente. Parecia saído de um manicômio, era isso. Só podia ser. Todo aquele moletom. E as vozes. Como podiam ser mais de uma se ele era um só? E os olhos. Não, não eram normais, não podiam ser. Eram profundos demais, sinceros demais, infantis.
Continuou como se nada tivesse acontecido_e não tinha mesmo. Passava agora por uma escola, um muro tomado pela hera, um portão de madeira, um cachorro adormecido e a sensação de estar sendo seguida.
Olhando em frente enxergava um conhecido. Cotovelos apoiados no muro da casa da próxima esquina, parecia uma namoradeira, daquelas que suspiram por nada, as franjas caindo no rosto. Ele cantarolava. Ela reparou que seu olhar deteve-se na moça_muito bonita_ que agora passava em frente à casa, mas só por um instante; seu olhar focou-se nela.
Foi o suficiente para sentir-se estúpida usando aquela camiseta da vaca. Aquela do 'coma mais salada'. Quis entrar na rua à esquerda, mas seria muita cara-de-pau. E só então notou que aquele que a perseguia já estava léguas à frente, atravessando a avenida pricipal.
Decidiu-se por encarar de novo o rapaz do muro, afinal, se era conhecido, deveria ser cumprimentado. Foi aí que

Take a good look around you
Take a good look and you're bound to see
That you and me were meant to be
For each other, Silly girl


era o som que ouvia. Como já foi dito, ele cantarolava. Estranhamente, ela não o reconheceu. Nem ele a ela. Mas deu uma piscadela.
Merda de sorriso involuntário.